sábado, 22 de outubro de 2011

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    Hoje eu não quero falar com ninguém. Quero ficar aqui, quieta e só. Ultimamente é muita gente falando comigo, pedindo atenção, pedindo o calor do meu corpo, o riso dos meus lábios, se não o gosto deles, e até meus sentimentos. Querem que como um pedaço de pão eu reparta a mim e saia por ai me doando, me despedaçando em flancos pedaços e depois ficando com o que mesmo? Dedos trabalhando sobre um teclado. Não quero ver ninguém. As pessoas me cansam. São elas o grande motivos de minhas consternações. Sou sempre muito forte, sempre sirvo como fonte de escape e quando acho que encontrei alguém forte pelo meio do caminho, alguém que seria tão capaz de me amar como ninguém mais e tão capaz de lutar por mim, ela arranca meus pedaços, me cobre de duvidas, de decepções e parte, vai embora, não deixa nada, a não ser memórias. Que eu vou tilintando com a ponta dos dedos sobre o teclado frio. Mas esta tudo bem. Eu só não quero ver ninguém. Não quero olhar fundo nos olhos de ninguém e nem ser tocada, por favor, repito, não me toque. Não quero ninguém olhando para mim também, por favor, não me repare. Finja que só estou aqui, que passo como um vento ameno de um canto a outro do quarto, mas não me observe, não guarde nada, não se interesse por mim, não tente me ter, não tente gostar das minhas imperfeições detalhes, não ache meu cabelo legal, não goste do meu visual e nem das minhas roupas, não goste de mim, pronto. Simplesmente não vá com a minha cara. Me deixe ir, não me toque, não me puxe, não me veja, me deixe inteira. Não quero ver ninguém.

Annabel Laurino.

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