Mas qualquer dia desses alguém ai, meio perdido, meio
ferido, meio causado e cansado, alguém muito maluco, meio cheio de sonhos, de
idéias, de histórias, meio sem noção, sem tom, sem medo, sem fala, tropeça em
mim e se apaixona. Sei lá, vai saber. Qualquer dia desses, descubro alguém que
vai me amar tanto que não vai mais querer sair de perto. Que vai gostar desse
meu jeito meio absurdo e gritante de ser. Alguém que não irá se incomodar com a
forma que carrego a bolsa, com minhas idéias mirabolantes, meus assuntos sem
eira e nem beira, com as minhas divagações da vida, do universo e tudo mais.
Ele não irá se incomodar se eu agir como uma garotinha sapeca que irá querer
jogar vídeo game de meias e comer chocolate em uma tarde de chuva, e não irá se
incomodar de me ouvir, ouvir minhas histórias, meus pensamentos e opiniões mais
loucos sobre tudo. Ele vai amar a forma como eu me sento, me deito e me
aconchego, ele vai achar graça da minha risada, vai gostar do meu cheiro,
estará sempre afim de tocar minhas mãos, gélidas e macias, ele vai querer-me ao
todo. Ele vai amar meu cabelo, minha roupas, e não se incomodará dos meus
defeitos mais gritantes, por que ele amará minhas qualidades mais fortes e
achará uma graça tudo quanto acho insignificante em mim.
Como quem abre as portas e janelas e recebe o
verão, ele não terá medo, e nem insegurança, saberá o que sou e por que sou e
vai me querer assim. Por vezes ele poderá até se sentar no chão de seu quarto e
se perguntar por que gosta tanto de mim, mas ele não vai saber, assim como eu
também não vou. Nossos amigos vão se perguntar o que vimos um no outro, e
ninguém também irá saber. É tudo muito simples, e complexo, e difícil também.
Traduzindo, se dirá apenas, é amor, só isso. Ele a ama, ela o ama. Ele luta,
ela guerreia. E nessa coisa toda, eles nunca se separam. É meio que assim,
assim, talvez, um dia eu encontro alguém. Quem sabe num dias desses por ai. Eu
ainda não sei.
Annabel Laurino.
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