As vezes me falta fôlego
e depois passa. As vezes me falta ar, me falta comida, me falta sede. E isso
nunca passa. To sempre arranhando as paredes. O muito pra mim é pouco e pouco
pra mim nunca basta. To sempre afim de sentir. Sentir dor, sentir amor. Tanto
faz. To sempre afim de sentir qualquer coisa nova, surpresa, vazio e que depois
passa. Só não quero ficar presa nessa coisa, nesse ciclo, nessa vida, nesse
rio. Não quero nadar sem encontrar nada. Quero sempre ter a certeza que estou
mesmo assim em qualquer caminho, seja perdida, seja achada, ou seja achando
alguém também, quero saber se to fazendo algo, e se não tiver, invento algo,
não sei.
Só não suporto que
entrem na minha vida e que não me façam sentir. Tem que ter alguma coisa, tem
que ser alguma coisa, não pode ficar nesse vazio, nessa coisa cabisbaixa de
deixar a monotonia te engolir, tem que ter sede, fome, paixão, tem que ter
mordidas na pele, suor, vontade. Tem que ter vontade pra sentir.
E isso meu bem, não me falta.
Annabel Laurino.
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